domingo, 30 de novembro de 2008

DE QUE LADO DO BALCÃO VOCÊ ESTÁ?

Dizem que tudo na vida é questão de tempo e geografia. Costumes e posturas são alteradas com o tempo, e o que era certo ontem, hoje pode ser uma aberração. Também a depender do nosso ponto de observação, podemos sempre mudar de opinião. É como dizia o “maluco beleza” Raul Seixas “o ponto de vista é o ponto da questão, e é bem melhor sermos uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
No mundo corporativo, uma distancia de 50 cm pode fazer uma enorme diferença, ou seja , o lugar da mesa de trabalho que você se senta. De um lado fica a turma que tem cargo importante, com seus vistosos sobrenomes organizacionais. Na outra ponta, prestadores de serviços, consultores, vendedores, enfim, emprEUsas, que compõem o mercado de ofertas. Pessoas que procuram se valer da sua empregabilidade para conseguir trabalho, em um mundo cada vez mais sem empregos.
Para os que têm sobrenome corporativo, vale a proporcionalidade, quanto mais importante a Organização, mais o sobrenome tem valor, virando uma poderosa grife para quem usa, que acaba gozando de mil privilégios e vira um “figurão”. Para estes, alguns conselhos. Primeiro entender que tudo é transitório e é preciso se preparar para mudanças. Se tornar visível ao mercado e construir um patrimônio de imagem, pois de nada adianta ser um “manda chuva” na empresa, se fora dos muros se é um Zé desconhecido. Acredite, o seu futuro empregador sempre está fora da organização.
Outra dica de ouro. Trate com distinção e sem esnobismo, o mercado, ou seja, aquelas pessoas que estão do outro lado da mesa. A gente nunca sabe quando a dança das cadeiras vai começar e o mercado sempre tende a ser mais generoso, com os que, ao mudar de lado, têm um histórico de bem tratar. Estes precisam ainda entender que boa parte de seu poder vem da organização, não se iludindo com o “canto das sereias”. Um exemplo simples de aprendizado é o barbeiro, quando ele muda de salão, sempre leva os clientes, mostrando quem tem poder pessoal.
Na minha carreira profissional, vi muitas trocas de posição. Uma das áreas que mais sofre é a turma do RH. Ás vezes é duro, depois de tanto tempo lidando com o poder de oferecer um produto precioso, que é o emprego, estar em busca dele. Também quanto maior apego ao cargo, maior o sofrimento.
Estive nas duas posições. No aquário e no mar. Ao pertencer durante muitos anos ao staff de uma importante organização, pude exercer o poder da marca, experimentar o “ouro de tolo”, ser paparicado, protegido, viver o mundo dos benefícios e do salário certo no final do mês. Depois, resolvi enfrentar o mar aberto, um mundo de muitos riscos e sustos, mas também e até por isto, de infinitas possibilidades e aprendizado. Pude ainda distinguir os meus amigos, dos “amigos” do meu cargo, aqueles que vão sempre de herança para o nosso sucessor.
Por isso que digo, que para exercer nosso ofício, é preciso muito talento e dedicação, mas também ser humilde e interagir com muita empatia, às vezes até com compaixão. Afinal, se tudo na vida é tão passageiro, o que dizer de um simples lugar em uma mesa.
Victoriano Garrido Filho
Diretor da ADVB e ABRH-BA

Postado por Alzemir Castro

Nenhum comentário: