quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A crise bate à nossa porta

Como em todos os principais setores da economia, a crise mundial e a crescente dúvida sobre uma possível recessão americana, inevitavelmente, batem à porta do setor da Tecnologia da Informação. Em um mundo cada vez mais globalizado e conectado, é impossível manter o setor à margem de toda a turbulência. No entanto, é hora de avaliarmos, de fato, quais são estes possíveis impactos e como driblá-los para mantermos a nossa trajetória de crescimento.
De modo geral, podemos esperar que o setor de TI enfrente dois impactos imediatos. O primeiro é o aumento de custo, principalmente para fabricantes de hardware, de componentes, equipamentos eletrônicos e demais empresas que dependem da importação de materiais.
O recente aumento do dólar eleva os custos de todos os produtos vindos de outros países, o que pode encarecer os preços internos. A manutenção deste cenário dependerá do desenrolar da crise americana. Se a economia dos Estados Unidos desacelerar e começar a apresentar o cenário de recessão, a queda da demanda mundial pode gerar um aumento da oferta destes equipamentos. Assim como vem ocorrendo com as commodities – cujos preços estão em forte queda -, a alta do dólar pode ser parcialmente compensada pela oferta.
No que se refere aos softwares e serviços, também há o impacto de custos pela alta do dólar. Considerando que grande parte dos contratos, assim como softwares de prateleira e aplicativos, estão atrelados à moeda norteamericana, o impacto nos preços é inevitável.
Porém, a maior conseqüência neste segmento deve ser a redução dos investimentos. As empresas desenvolvedoras podem adiar planos e, como se diz no mercado financeiro, ficarão em “compasso de espera”.
Apesar de prevalecer o sentimento negativo, há algumas oportunidades que podem manter o nosso mercado aquecido. Em meio à crise e à alta do dólar, as empresas que optam por instalar centrais de desenvolvimento em outros países, como na Índia, por exemplo, podem optar por manter esta equipe dentro dos próprios países. Ou seja, o mercado local tem possibilidade de atender esta demanda que, até este momento, era exportada. Grandes empresas estrangeiras instaladas no Brasil também podem optar por desenvolver parte de seus produtos e serviços no País.
As perspectivas para a economia brasileira continuam positivas e o mercado de TI no Brasil ainda possui um grande espaço para crescer. Podemos reduzir o nosso ritmo de expansão por conta do cenário internacional, mas a demanda local deve impedir a retração. O momento é de cautela e de avaliação de todas as oportunidades. *Roberto Carlos Mayer - Presidente da Assespro-SP e diretor da MBI

Postado por: Edson Melo de Sousa

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